terça-feira, 3 de agosto de 2010

CÉLULAS-TRONCO

EUA autorizam teste com células-tronco embrionárias em pacientes

A Agência de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) anunciou nesta sexta-feira (30) que irá liberar o uso de células-tronco embrionárias para uma primeira aplicação em humanos.

É a primeira vez que um órgão oficial libera o emprego de células-tronco em humanos. O método, conhecido como GRNOPC1 e desenvolvido pelo grupo Geron Corporation, será voltado para o tratamento de pacientes com lesões na medula espinhal.

A FDA havia concedido a autorização para a mesma pesquisa em janeiro de 2009, mas colocou a decisão em suspensão no mês de agosto do ano passado após a descoberta de cistos em ratos de laboratório que haviam recebido células-tronco pelo método GRNOPC1.

O grupo Geron precisou desenvolver outro estudo com ratos para apresentar uma nova forma de identificar a "pureza" das células. A companhia planeja monitorar os pacientes durante 15 anos e argumenta que cistos na medula espinhal podem aparecer mesmo sem a administração de células-tronco.

Células-tronco embrionárias são conhecidas como pluripotentes por poderem gerar qualquer tipo de célula no corpo. Os cientistas têm como objetivo desenvolvê-las e aplicá-las na restauração de tecidos e órgãos em medicina.

Outro grupo de pesquisas com células-tronco, o Advanced Cell Technology, também busca autorização da FDA para realizar testes em humanos desde novembro de 2009. A empresa espera uma resposta da agência federal norte-americana dentro dos próximos 30 dias.

O que são células-tronco?

São células encontradas em embriões, no cordão umbilical e em tecidos adultos, como o sangue, a medula óssea e o trato intestinal, por exemplo. Ao contrário das demais células do organismo, as células-tronco possuem grande capacidade de transformação celular, e por isso podem dar origem a diferentes tecidos no organismo. Além disso, as células-tronco têm a capacidade de auto-replicação, ou seja, de gerar cópias idênticas de si mesmas.

Que avanços as pesquisas científicas com células-tronco podem trazer para a medicina?

As células-tronco podem ser utilizadas para substituir células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, ou em tecidos lesionados ou doentes. As pesquisas com células-tronco sustentam a esperança humana de encontrar tratamento, e talvez até mesmo cura, para doenças que até pouco tempo eram consideradas incontornáveis, como diabetes, esclerose, infarto, distrofia muscular, Alzheimer e Parkinson. O princípio é o mesmo, por exemplo, do transplante de medula óssea em pacientes com leucemia, método comprovadamente eficiente. As células-tronco da medula óssea do doador dão origem a novas células sangüíneas sadias.

Por que permitir a pesquisa com embriões, se as células-tronco são também encontradas em tecidos adultos?

Porque as células embrionárias seriam as únicas que têm a capacidade de se diferenciar em todos os 216 tecidos que constituem o corpo humano. As células retiradas de tecidos adultos têm capacidade de dar origem a um número restrito de tecidos. As da medula óssea, por exemplo, formam apenas as células que formam o sangue, como glóbulos vermelhos e linfócitos.

O que a Lei da Biossegurança aprovada na Câmara permite?

Ela autoriza as pesquisas científicas com células-tronco embrionárias, mas impõe uma barreira. Poderão ser pesquisados apenas os embriões estocados em clínicas de fertilização considerados excedentes, por não serem colocados em útero, ou inviáveis, por não apresentarem condições de desenvolver um feto. O comércio, produção e manipulação de embriões, assim como a clonagem de embriões, seja para fins terapêuticos ou reprodutivos, continuam vetados.

Os cientistas podem adquirir os embriões diretamente nas clínicas de fertilização assistida?

Sim. O cientista precisa da autorização do conselho de ética do instituto onde trabalha, como em qualquer projeto que envolva a manipulação de material humano. Uma vez autorizado, o pesquisador poderá adquirir os embriões diretamente nas clínicas. Eles deverão estar estocados há mais de três anos e só poderão ser utilizados com o consentimento dos pais, mediante doação. Atualmente, estima-se que o país tenha 30.000 embriões congelados.

Qual o motivo da polêmica em torno da lei?

Para explorar as células-tronco usando as técnicas conhecidas hoje, é necessário retirar o chamado "botão embrionário", provocando a destruição do embrião. Esse processo é condenado por algumas religiões – como a católica - que consideram que a vida tem início a partir do momento da concepção. Há perspectivas de que no futuro se encontrem técnicas capazes de preservar o embrião, o que eliminaria as resistências religiosas.

É possível desenvolver uma técnica para obter células-tronco sem precisar dos embriões?

Sim. No início de 2007, cientistas americanos anunciaram a descoberta de uma nova fonte de células "coringa", extraídas do líquido amniótico, que preenche o útero durante a gravidez. Extraídas e cultivadas em laboratório, as células deram origem a vários tipos de células diferentes - ou seja, funcionam como células-tronco. Conforme os cientistas, as células-tronco extraídas do líquido amniótico não são idênticas às células-tronco embrionárias. Em alguns casos, porém, elas funcionam até melhor, dizem eles. Mas a gama de aplicações para esse novo tipo de célula-tronco pode ser menor do que no caso das embrionárias.

Qual é o tamanho do embrião quando as células são extraídas para pesquisas?

Até o momento, os cientistas conseguiram obter células-tronco de blastocistos, um estágio inicial do embrião com apenas 100 células. Um grupo de pesquisadores americanos conseguiu extrair células-tronco de mórulas, que têm entre 12 e 17 células. Em qualquer caso o embrião é microscópico. As células retiradas são cultivadas em laboratório, e podem render material para diversos anos de trabalho.

Em que estágio se encontram as pesquisas de tratamentos com células-tronco?

Apenas no caso de leucemia e certas doenças do sangue se pode falar efetivamente em tratamento. As perspectivas ainda são a longo prazo, pois praticamente todas as terapias se encontram em fase de testes, embora alguns resultados preliminares sejam promissores. Os cientistas ainda têm várias questões a resolver, como a possibilidade de desenvolvimento de tumores, verificada em testes com camundongos.

E no Brasil, o que existe em termos de pesquisas?

Na Bahia, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz estão tratando com sucesso cardiopatias causadas pela doença de Chagas. No Hospital Pró-Cardíaco do Rio de Janeiro e no Instituto do Coração de São Paulo, células-tronco são usadas em pacientes que sofreram infarto. Também há estudos em vítimas de lesões medulares, diabetes do tipo 1, esclerose múltipla e artrite.

Como é a legislação sobre células-tronco em outros países?

Nos Estados Unidos, o tema esteve no centro dos debates das eleições presidenciais de 2004. Em 2001, o presidente George W. Bush cortou o financiamento público para as pesquisas, permitidas durante o governo Clinton, mas depois decidiu permitir o financiamento limitado. A lei brasileira é considerada equilibrada, e está bem próxima da legislação aprovada há poucos anos em plebiscito na Suíça. Em alguns países, como a Coréia do Sul e a Inglaterra, a legislação também permite a clonagem terapêutica.







Extraído de: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/celulas_tronco/11.html
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/07/eua-autorizam-teste-com-celulas-tronco-embrionarias-em-pacientes.html

Dicas de Português





Figuras de estilo



FIGURA é um desvio linguístico. É o afastamento do valor linguístico normalmente aceito; assume, assim, um novo aspecto para um fim expressivo.
As figuras podem ser sintáticas ou semânticas.

A) Figuras sintáticas:

1. Silepse – é aquela em que o determinante concorda com o
determinado segundo a ideia que está subentendida, e não de acordo com a lógica gramatical:
a) Silepse de gênero: “Vossa Majestade (feminino) é justo e bom
(masculino); “A gente (feminino) às vezes é obrigado (masculino) a confessar que errou”;
b) Silepse de número: “O povo (singular) corria para todos os lados
e gritavam alucinados (plural)”; “Percorria as ruas muita gente (singular) com lanternas. Tocavam e dançavam (plural)” (Jorge de Lima);
c) Silepse de gênero e de número: “A torcida (feminino, singular)
reclamava. Gritavam exaltados (masculino, plural)”; “Aquela gente (feminino, singular) toda ali, apavorados (masculino, plural)”;
d) Silepse de pessoa: “Todos (3a. pessoa) decidimos (1a. pessoa)
adiar as provas”; “Os portugueses (3ª. pessoa) somos (1a. pessoa) do Ocidente” (Camões);

2. Hipálage – figura pela qual se dá realce a um determinante,
associando-o a um termo que não é logicamente o seu correspondente determinado, assim se criando um sintagma inesperado (Mattoso Câmara):
a) “Vou subir a ladeira lenta” (Carlos Drummond de Andrade) – (lento sou eu e não a ladeira);
“E atravessou a rua com seu passo bêbado” (Chico Buarque de
Holanda) – (bêbada estava a pessoa e não o passo);
“Adélia fumava um cigarro lânguido” (Eça de Queirós) –
(lânguida é Adélia e não o cigarro);
“A beleza satânica da mulher aterrorizou Fernando” (José de
Alencar) – (satânica é a mulher);
“Olhos de cigana oblíqua e dissimulada” (Machado de Assis) – (oblíquos são os olhos);

3. Elipse – é a omissão de um termo que pode ser subentendido pelo contexto:
“O sol declinava no horizonte e deitava-se sobre as grandes florestas” (José de Alencar) – (o sol deitava-se); “Acordei e não vi nada” (Tomás Antônio Gonzaga) – (Eu acordei e eu não vi nada);
Zeugma – é a elipse de um termo nomeado anteriormente com forma diferente: “Ele não nos entende nem nós a ele” (nem nós entendemos a ele); “Tu buscas a Terra e eu, os céus” (eu busco os céus);

4. Pleonasmo – é o emprego de palavras ou expressões que repetem o conteúdo significativo de um termo já existente, para enfatizar uma ideia ou para evitar ambiguidade:
a) Pleonasmo de ideia: “Lutavam uma luta inglória”; “Vi com meus
próprios olhos”;
b) Pleonasmo de função: “O jogo, disse que ele será fácil” (sujeito
pleonástico); “O ato do vizinho é muito mais importante do que lhe parece a ele” (Carlos Drummond de Andrade) – (objeto indireto pleonástico);
c) Pleonasmo vicioso: subir para cima, hemorragia de sangue, elo
de ligação, planejamento antecipado, adiar para depois, encarar de frente, duas metades iguais, surpresas inesperadas…

5. Anacoluto – é a quebra da estrutura sintática de forma que um elemento fique sem função sintática: “Ele, por exemplo, que teria dito dele o finado?“ (Machado de Assis); “Eu, parece-me que sim; pelo menos nada conheço que…” (Mário de Sá Carneiro);

6. Braquilogia – é o emprego de uma expressão mais curta em substituição a outra mais complexa: “Entrava e saía da sala” (entrava na sala e saía dela = da sala); “Contou tudo que ocorreu antes, durante e depois da reunião” (antes da reunião, durante a reunião, depois da reunião); “O dentista arrancou-lhe um canino” (um dente canino);

7. Inversão – é a colocação dos elementos da frase fora da sua ordem lógica: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante” (As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico); “Que importa de um nauta o berço?” (Que importa o berço de um nauta?); “Imenso trabalho nos custa a flor” (A flor nos custa imenso trabalho);

8. Antecipação ou Prolepse – é a colocação de um termo de uma oração na anterior: “Os livros dizem / que são bons” (Dizem / que os livros são bons); “O vigia foi ver as portas / se estavam fechadas” (O vigia foi ver / se as portas estavam fechadas); “A casa de Davi é certo / que foi fundada pelo verdadeiro Deus” (Padre Vieira) (É certo / que a casa de Davi foi fundada pelo verdadeiro Deus);

9. Assíndeto – é a omissão do conectivo coordenativo: “Vim, vi, venci” (=Vim, (e) vi, (e) venci); “A multidão agitou-se, murmurou, bradou, ameaçou” (= …agitou-se, (e) murmurou, (e) bradou, (e) ameaçou); “Tornou-se a deusa dos bailes, a musa dos poetas, o ídolo dos noivos em disponibilidade” (José de Alencar);

10. Polissíndeto – é a repetição do conectivo coordenativo: “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua” (Olavo Bilac); “E os olhos não choram. E as mãos não tecem… E o coração está seco” (Carlos Drummond de Andrade).

O exagero das hipérboles

A hipérbole é uma “metáfora exagerada”.
Existem exemplos famosos como “chorou rios de lágrimas” e outras bem populares: “já te disse mil vezes”; “explodiu de tanto comer”; “fez tudo num piscar de olhos”…
Leitor atento quer saber se eu considero claras as frases: “o total de manifestantes era equivalente ao de dois Maracanãs lotados” e “com esse dinheiro daria para comprar cinco apartamentos na Vieira Souto”.
Concordo com o nosso leitor. Não são comparações claras. No caso do Maracanã, nunca sei se o gramado está incluído como acontece em shows ou eventos especiais. Pior é o caso dos apartamentos da Vieira Souto. Juro que não sei exatamente o seu valor. É só consultar a seção de classificados dos nossos jornais para constatar que a variedade dos preços é grande.
O que fica é uma ideia imprecisa. Temos apenas uma certeza: é muita gente e muito dinheiro.
Prefiro outros tipos de comparação: “com esse dinheiro daria para construir dois hospitais”; “com esse dinheiro daria para pagar o 13º dos servidores”… Dessa forma, parece que o leitor teria uma maior compreensão do fato, não quanto aos valores, mas certamente teria uma ideia melhor da sua perda.
Em todo caso, é sempre bom evitarmos comparações exageradas e de difícil compreensão.
Vamos, então, fazer um teste final: um escritório em que caberiam vinte milhões de caixinhas de fósforo é grande ou pequeno?



A catacrese e a catapulta

O elemento de origem grega “cata” significa “para baixo”. Deve ser por isso que você nunca viu uma catarata jogando água “para cima”. Catarata é uma queda d’água.
Quem já assistiu a filmes que retratam guerras medievais deve ter visto uma catapulta em ação. Era uma arma de combate usada como alavanca para jogar bolas de fogo ou pedras por cima dos muros dos castelos.
Outro dia, lendo um artigo sobre música popular, encontrei esta pérola: “Foi esta música que catapultou a banda para a fila do gargarejo da MPB”. Fico imaginando qual tenha sido a interpretação do leitor que não tem a mínima ideia do que seja uma catapulta. Para quem ainda não entendeu, o crítico queria dizer que a tal música fez tanto sucesso que levou repentinamente a tal banda para os primeiros lugares das paradas de sucesso da nossa música popular.
E o que a catacrese tem a ver com tudo isso?
Catacrese é o nome que se dá para aquela metáfora que deixou de ser metáfora, que perdeu seu sentido figurado. É a “queda” da metáfora. Catacrese é a “metáfora fossilizada”.
Para ficar mais claro, vejamos alguns exemplos.
O alho não é dente nem nunca teve um dentinho sequer, mas você sabe qual é o nome do “dente de alho”? É dente de alho mesmo. Isso não significa que um conjunto de dentes de alho forme uma “dentadura”.
Você já viu estrelas no “céu da boca”? E umbigo na “barriga da perna”? E mamilos no “peito do pé”?
É interessante observar que a criação é metafórica, pois é feita a partir de uma comparação por semelhança.
A panturrilha é também chamada de “barriga da perna” por sua semelhança com uma barriga. Tanto é verdade que outros acham a panturrilha parecida com uma batata. Daí a “batata da perna”.
Para terminar, uma lista de catacreses: olho da agulha, cabeça do alfinete, perna da cadeira ou da mesa, cabelo do milho, boca do estômago, braço do sofá…

Resumindo:

Hipérbole – consiste no exagero de uma ideia e assim conseguir maior expressividade para enfatizar determinada situação: “Já te disse mil vezes”; “Fez tudo num piscar de olhos”; “Vai explodir de tanto comer”; “Rios te correrão dos olhos se chorares”; “Roma inteira nadava no sangue de seus filhos”; “Teus ombros suportam o mundo” (Carlos Drummond de Andrade);

Catacrese – é um tipo de metáfora ocasionada por:
1) falta de uma palavra específica: “pé da mesa”; “boca do
estômago”; “céu da boca”; “orelha do livro”; “dente de alho”; “barriga ou batata da perna”; “olho da agulha”; “De uma cruz ao longe os braços, vejo abrirem-se” (Castro Alves);
2) esquecimento etimológico (=queda do sentido original da
palavra): salário (de sal), secretária (de secreto), sabatinar (de sábado), tratante (de tratar), famigerado (de fama), marginal (de margem), rival (de rio)…

Era só uma metáfora

Caro leitor, você sabe o que é linguagem conotativa?
Se não sabe, eu explico: “linguagem conotativa é o contrário da denotativa”. Pronto, você nunca viu uma explicação tão clara! Só não entendeu quem não quis. É, você tem razão, foi uma explicação ridícula. É do tipo “definição circular”: ficamos dando voltas e não chegamos a lugar algum.
Bem, vamos falar sério. Linguagem conotativa é o uso da linguagem figurada, é o uso das palavras fora do seu sentido real. É aqui que encontramos as figuras de linguagem.
A metáfora, por exemplo, é aquela figura em que o seu criador parte de uma comparação. Quando alguém diz que “a menina é uma flor”, temos uma metáfora: para o autor a tal menina é tão linda, tão delicada quanto uma flor. O autor faz uma comparação da beleza da menina com a da flor.
É interessante observarmos o seguinte: se usarmos os elementos de comparação ( = assim como, tal qual, tanto quanto) não teremos a metáfora, e sim a própria comparação:
“Ela é tão bonita quanto uma flor.” ( = comparação);
“Ela é uma flor.” ( = metáfora).
Isso significa que, para entender uma metáfora, é preciso perceber a comparação subentendida.
Quando José de Alencar diz que Iracema é “a virgem dos lábios de mel”, significa que “os lábios de Iracema são tão doces quanto o mel”.
Para João Cabral de Melo Neto, a serra do sertão é “magra e ossuda”, ou seja, é tão seca ( = sem vegetação) que parece um ser muito magro, tão magro e ossudo como o sertanejo em geral.
Assim sendo, chamar alguém de burro é só uma metáfora. Significa que estamos comparando a inteligência do ofendido com a de um burro, que dizem ser mais inteligente que o cavalo. Mas isso é outra história.



A borracheiro e a metonímia

Metonímia é uma palavra de origem grega, formada por “meta” (=mudança) + “onímia” (=nome). Ao pé da letra, metonímia é o uso de um nome por outro.
Metonímia é uma figura de retórica que consiste no emprego de uma palavra fora do seu sentido básico (do seu contexto semântico normal), por efeito de contiguidade, de associação de idéias.
É diferente da metáfora, que consiste no emprego de uma palavra fora do seu sentido básico por efeito de uma semelhança. No caso da metáfora, trata-se de uma relação comparativa; no caso da metonímia, é uma relação objetiva, de base contextual.
Vejamos alguns exemplos de metonímia:
1) relação metonímica de tipo qualitativo:
a) matéria por objeto: “O ouro (=dinheiro) só lhe trouxe
infelicidade”; “Os bronzes (=sinos) repicavam no alto do campanário”;
b) autor por obra: “Seu maior sonho era comprar um
Picasso” (=quadro de Picasso); “Adorava ler Jorge Amado” (=livros de Jorge Amado);
c) proprietário pela propriedade: “Ontem fomos ao Álvaro”
(=bar do Álvaro);
d) continente por conteúdo: “Adora macarrão, por isso
comeu três pratos” (=o macarrão de três pratos);
e) consequência pela causa (também chamada Metalepse):
“Ele não respeitou seus cabelos brancos” (=velhice); “Venceu graças ao suor (=trabalho, esforço) do seu rosto”;
f) cor pelo objeto: “O vermelho (=sangue) lhe corria pelas
veias”; “As andorinhas voavam pelo azul (=céu) do Rio de Janeiro”;
g) instrumento pelo agente: “Ayrton Senna foi um grande
volante” (=piloto de carros de corrida);
h) abstrato pelo concreto: “O crime (=criminosos) habita
aquela casa”; “Esperava pelo voto das lideranças” (=líderes);

2) relação metonímica do tipo quantitativo (também chamada de
Sinédoque):
a) parte pelo todo: “As asas (=pássaros) cortavam os céus
de Copacabana”; “Precisa de mais braços (=trabalhadores) para desenvolver a sua lavoura”;
b) singular pelo plural: “O inimigo (=inimigos) estava em
toda parte”; “Precisamos pensar mais no idoso” (=pessoas idosas);
c) gênero pela espécie (ou vice-versa): “Seu maior sonho
era pertencer à sociedade (=alta sociedade) paulistana”; “O homem (=humanidade) deve respeitar mais a natureza”.

Leitor desta coluna quer saber se “ir ao borracheiro” não está errado, pois verdadeiramente “vamos à borracharia”.
Não é uma questão de certo ou errado. Borracharia é o estabelecimento onde se vendem ou se consertam pneumáticos e câmaras de ar. Borracheiro é quem trabalha numa borracharia, mas também pode ser usado como sinônimo de borracharia.
Trata-se de uma relação metonímica perfeitamente aceitável e registrada em nossos principais dicionários.
É um caso semelhante ao de “ir ao dentista” (=clínica dentária) e “ir ao médico” (=consultório médico).


Extraído de:http://colunas.g1.com.br/portugues/

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"Dependência química é doença do cérebro"
Especialista afirma que doente não deve ser tratado como mau-caráter e sim receber tratamento contínuo

Atualmente nos Estados Unidos, existem 22,3 milhões de dependentes ou usuários de drogas ilícitas ou álcool e o número de indivíduos que recebem tratamento para livrar-se do vício não chega a 20%.
No Brasil, o crack é uma das drogas que vem causando mais alarde ultimamente e desde 2009 vem aumentando o número de usuários em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Há saída para este problema?

Foto: Divulgação Ampliar
Volkow: recaída do dependente é similar a de outras doenças crônicas
Em recente visita a São Paulo, a mexicana radicada nos Estados Unidos Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos (NIDA), falou de seus estudos sobre o abuso de substâncias químicas defendendo que a dependência química é uma doença crônica que afeta o cérebro e deve ser tratada como tal.
Segundo a neurocientista, assim como a hipertensão, o vício é uma doença crônica que exige cuidados contínuos. “As taxas de recaídas de dependentes químicos são similares a outras doenças crônicas, como diabetes do tipo 1, hipertensão e asma, que também são caracterizadas por um grande número de recaídas pós-tratamento”, explica a pesquisadora, considerada pela revista “Time” uma das “100 pessoas mais influentes do mundo”.
Se nos EUA o tratamento do problema é feito por meio de grupos de ajuda em centros de recuperação, deste lado do Equador os programas são escassos. De acordo com Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra e coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e drogas da Unifesp), o sistema público não oferece um programa que ajude o paciente por um período de meses ou anos.
“Nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), cada profissional trata seu paciente como bem entender, mas é um trabalho que precisa de uma busca ativa e o sistema público não tem essa cultura de procurar mais trabalho”, afirma o especialista. Em contrapartida, Laranjeira indica os grupos de ajuda como principais portas para a recuperação e para o apoio familiar.
Segundo Laranjeira, mesmo que a família de um dependente não seja responsável pelo uso que ele faz da substância, a colaboração dela para ajudar no tratamento é de extrema importância. “O usuário sem a família terá uma dificuldade muito maior para se recuperar”, afirma. No entanto, é difícil lidar com uma doença complexa como a dependência química e, se a família também não obtiver apoio, também pode chegar a uma exaustão emocional, física e financeira.
Mecanismo da dependência
De acordo com a especialista norte-americana, o uso repetitivo de substâncias químicas diminui a habilidade de controle do indivíduo. As drogas afetam uma área cerebral chamada córtex orbitofrontal, responsável pelas decisões que tomamos, fazendo com que ela não funcione como deveria. “Os dependentes acabam perdendo o livre-arbítrio para dizer não”, explica Volkow. Como exemplo, ela cita pacientes que têm a mesma área do cérebro afetada, mas por culpa de outro problema, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Para medir os riscos do uso de substâncias químicas pela primeira vez, a especialista ressalta a idade como um fator indispensável. Segundo Volkow, a infância e a adolescência caracterizam a época mais propícia para desenvolvimento do vício. “Durante este período, o cérebro ainda é muito ‘plástico’: possibilita que você aprenda mais rapidamente, mas que se torne dependente químico mais rapidamente também”.
Entretanto, não é apenas a “plasticidade” do cérebro que colabora para o desenvolvimento do vício. A neurocientista afirma que fatores genéticos e ambientais também influenciam. E bastante. “O uso frequente de drogas afeta o cérebro e ocasiona o vício, mas quanto maior a predisposição genética e o número de eventos estressores na adolescência, maior é a possibilidade dele existir”, explica.

Texto extraído do site IG

segunda-feira, 22 de março de 2010

Água poluída mata mais que violência no mundo, diz ONU

Anualmente morrem 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos.
Cerca de 2 bilhões de toneladas de água são sujas diariamente



A população mundial está poluindo os rios e oceanos com o despejo de milhões de toneladas de resíduos sólidos por dia, envenenando a vida marinha e espalhando doenças que matam milhões de crianças todo ano, disse a ONU nesta segunda-feira (22).

"A quantidade de água suja significa que mais pessoas morrem hoje por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras", disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês).

Em um relatório intitulado "Água Doente", lançado para o Dia Mundial da Água nesta segunda-feira, o Unep afirmou que dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes.

O resíduo é composto principalmente de esgoto, poluição industrial e pesticidas agrícolas e resíduos animais.

Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade anualmente. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90 por cento da água de esgoto sem tratamento.

A diarréia, principalmente causada pela água suja, mata cerca de 2,2 milhões de pessoas ao ano, segundo o relatório, e "mais de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada."

O relatório recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos multimilionários para o tratamento de esgoto.

Também sugere a proteção de áreas de terras úmidas, que agem como processadores naturais do esgoto, e o uso de dejetos animais como fertilizantes.

"Se o mundo pretende... sobreviver em um planeta de seis bilhões de pessoas, caminhando para mais de nove bilhões até 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O esgoto está literalmente matando pessoas."

Por G1

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